sábado, 21 de agosto de 2010

- um crime


Hoje vi uma realidade que não deveria existir, chega a ser uma injustiça. Em plena calçada da Avenida Paulista, um pobre miserável deitado em um pedaço de papelão, e o pior, sim, tem um pior, centenas de pessoas passando por ali, desviando daquele corpo como se nada estivesse errado.
E a coisa ainda mais horrível é que estou inclusa nessas centenas de pessoas que sabem olhar e sentir pena, ou outras que até conseguem ter a incrédula capacidade de zoar e se divertir com o fato, quando é isso o que menos os poderiam ajudar.
Gostaria que cada indivíduo pudesse passar apenas dois minutos nessas situações, sentir dores em lugares que nem sabíamos da existência, as temperaturas excessivas, seja quente ou fria demais, chegando de encontro com a sua pele suja, e o cabelo quase pingando óleo.
Uma vida que boa porcentagem da população não consegue nem imaginar, mas aposto que passando por isso todos aprenderiam a dar mais valor as coisas que possuem, e a solidariedade tomaria muito mais espaço no mundo. Talvez, desse modo, as coisas poderiam ser um pouco melhor e menos desiguais.
Posso estar sonhando demais, no entanto desejo que tudo mude. Que haja compaixão entre as pessoas, que o respeito passe de boca a boca, e que a bondade cresça no interior de cada um.
Agora entendo algumas razões pelas quais alguns personagens históricos lutaram tanto para impor o comunismo, afinal, assim, tudo seria bem mais justo, e haveria bem menos sofrimento. Há quem ache o crack a pior droga que existe, outros dizem que é o amor, eu digo que é o dinheiro, e sempre foi ele.
Se não existisse essa disputa por lucro, riqueza e poder, não haveria motivo nenhum para tal crime. E o crime que me refiro é estarmos aconchegados em nossas casas, mexendo num computador, enquanto alguém está na rua dormindo em um chão duro, passando fome e sendo ofendido. Nesse propósito, diga-me, de que evolução nos serviu o dinheiro?

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