domingo, 9 de outubro de 2011

Querido avô,


Talvez eu não derrame tantas lágrimas quanto a minha saudade exige, entretanto meu coração se emociona todos os dias que sua lembrança invade minha mente. E, nesse momento, nada me resta a não ser o torpor dominando meu corpo e, todas as nossas memórias explodindo no meu pensamento, criando uma contradição entre meu sorriso, e meu choro.
Mesmo não conseguindo lembrar-me de tudo, eu sei que foi para os seus braços que eu caminhei meus primeiros passos. Com você ao meu lado, tive meus primeiros machucados. E foi de você que ouvi histórias do passado, e aprendi sobre um dos seus grandes amores, os pássaros.
Ainda hoje, ouço aqueles "piu", e entendo a sintonia do canto, e a calma que ele deve passar para nós. Recordo-me de alimentar os filhotes delicadamente, assim como daqui alguns anos, alimentarei meus filhos.
Por isso, não considero a saudade ruim, afinal ela permite que eu me lembre de você em todos os momentos, por mais que passe os anos. Claramente a sua falta é imensa, contudo não há arrependimentos e nem mágoas, e eu tenho a certeza que aproveitei tudo que eu tinha em mãos. A sua ida, por mais que triste, era parte de um ciclo, e a sua mensagem foi deixada com sabedoria para nós que o amamos por cada minuto.
No meu último sonho, você me abraçou e disse que finalmente fui te ver, então com essas palavras, desejo que se sinta abraçado, e lembre que eu te amo e agradeço por tudo. Porque assim como nos meus primeiros passos, eu ainda me apoio no carinho e conhecimento que me deixou.

A distância não separa um amor.

(Para meu avô, Maurício Beraldo.)